Meu TCC nota 10

 


Esse é um feito do qual me orgulho grandemente. 

Quando eu tinha doze anos de idade, decidi que queria ser jornalista. 

A época, ninguém se importou muito, e achavam que a decisão foi motivada pela minha paixão por futebol, e logo passaria. 

Bem, passaram-se anos, e a decisão não mudou. 


Na verdade, eu entendi que não tinha escolhido o jornalismo, mas ele tinha me escolhido. 

Aos quinze anos, tive o difícil diagnóstico de esclerose múltipla confirmado onze dias após perder meu pai. 

Eu tive que sobreviver e reaprender a viver. 

Uns meses depois, enquanto estava internada com minhas pernas paralisadas, tive a ideia de compartilhar o meu momento delicado no Instagram. 

Foi uma excelente ideia, e assim nasceu a Esclerose Virtual, meu espaço para falar de esclerose múltipla. 

Recebi um apoio e um acolhimento que nunca tinha sentido antes, e isso foi essencial no meu processo de reabilitação. 


E então, em 2020, ingressei na minha tão sonhada faculdade de jornalismo. 

Eu tive exatas duas semanas de aula, mal conheci meus colegas e entramos em isolamento social para conter o avanço da Covid no Brasil. 

Inesperado, mas me adaptei. 

Nesse período, tive grande ajuda da Mari e do Fabrício, gratas surpresas entre provas e trabalhos do ensino remoto. 


Quando enfim retornei ao campus, muita coisa tinha mudado. 

Eu não era mais aluna da manhã, meu horário de origem, me tornei parte do grupo da noite, e conheci novas pessoas. 

Permaneci com a Mari, e me aproximei da Ana, do Douglas, do Fábio e do José. Queridos que compartilham do mesmo sonho que eu. 

E, também, o Lucas. Um amigo especial, que me ensinou algumas coisas importantes ao longo do tempo que passamos juntos. 


Provas, trabalhos integrados e atividades práticas… e então cheguei ao temido trabalho de conclusão de curso. 

Com orientação do incrível Prof. Dr. Sérsi Bardari, soube que a monografia que tínhamos que desenvolver seria individual, e estava em dúvida entre três temas. 

Minha paixão: Futebol e Corinthians 

Minha crença: Umbanda e Candomblé 

Minha vida: Esclerose Múltipla

Após algumas reuniões com meu orientador, optei por seguir com a esclerose múltipla e abordar uma grande dificuldade para os pacientes: o acesso à informação. 

Assim, nasceu meu tema ‘Acesso à informação para pacientes com esclerose múltipla’. 


Usei e abusei de todo o conhecimento adquirido ao longo dos seis anos convivendo com a doença e comecei a escrever. 

Quanto mais eu escrevia, mais e mais tinha a escrever. 


Tive alguns problemas pessoais durante o desenvolvimento do meu trabalho. 

Pensei em desistir da faculdade, adiar meu sonho…

Mas, deu tudo certo. 


Foi difícil, mas, mais uma vez, eu consegui!


Então, no dia 04/12/23 eu defendi meu trabalho e recebi muitos elogios da banca avaliadora. 

Mas, a melhor parte ainda estava por vir. 


Na noite do dia seguinte, o grupo de WhatsApp com os meus amigos estava cheio de mensagens falando sobre a tão temida nota que foi liberada. 

Eu estava a caminho do mercado, com o sinal ruim, mas não contive um grito de alegria ao ver o ‘10’ como nota. 

Meus amigos me parabenizaram, e eu ainda estava sem acreditar. 

Atualizei a página três vezes, mas ainda estava lá… o 10. 

A coroa para uma caminhada tão difícil e tão sonhada. 

Tão merecido. 

Agradeço imensamente a mãe Òbá e pai Odé pela força, por não ter desistido. 

Só eles e eu sabemos como foi. 


Cheguei ao fim de uma etapa incrível da minha vida, e estou ansiosa para a colação de grau e todas as formalidades da formatura…

Pai, sua filha é jornalista!

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